CASCATA E MONTANHA - BY KAUJAKK: 5º DIA - Boa Esperança a São Francisco de Paula 07/09/2018

Acordamos tranquilamente e seguimos umas 7h00 para nosso desjejum. O chalé onde é servido o café da manhã, parece aquelas casinhas de contos de fada. Além da pousada In Mezzo in Monti estar localizada em um lugar privilegiado, entre montanhas, a decoração é de muito bom gosto.

Ao entrar no refeitório, fomos surpreendidos com este visual de tirar o fôlego.

Sinceramente, comer apreciando esta paisagem deixa tudo ainda mais gostoso!

Só me sentia digna a agradecer tudo que estávamos vivendo nesses dias.

Mas nossa expedição não tinha acabado. Precisávamos seguir viagem e, antes disso, fazer a manutenção básica diária, que envolve ver a calibragem dos pneus, limpar e lubrificar corrente, organizar e fechar nossos alforges.

Tudo pronto, era hora de se despedir de Janice e marido, proprietários desse maravilhoso lugar, e seguir viagem.

Viagem: Boa Esperança a São Francisco de Paula
Tempo (bike): 3h30
Distância: 27 km
Data viagem: 07/09/18

Pontos que passaremos hoje:12 a 16

Uns 300m da pousada, localiza-se a Cascata das Três Quedas.

Para acessar essa exuberante cachoeira, é necessário descer uma escada com muitos degraus!

Filipe decidiu esperar lá em cima para cuidar das bikes. Maria, Mari e eu descemos para conferir.

A queda é muito bonita e de fácil acesso. É claro que, depois de tantos dias pedalando, principalmente subindo bastante, aqueles degraus nos deram conta de cada músculo presente em nossas pernas!

Seguimos em frente e acessamos uma longa subida. Em uma fazenda bem próximo ao bairro Boa Esperança, observamos um lindo rebanho de ovelha. Enquanto eu fazia a foto abaixo, Geraldo começou a conversar com as elas:

"-O caminho é bonito ou não é?" - ao que elas respondiam:

"-Bééééérhrhrhhhrhhhhh."

"-O caminho é subindo ou não é?

"-Bééééérhrhrhhhrhhhhh."

Foi uma risada só. Depois disso, este passou a ser nosso grito de guerra!

O caminho seguiu sempre em ascendência fazendo com que, hora pedalássemos, hora empurrássemos. Para nossa alegria, as paisagens eram sempre muito bonitas.

Hoje foi o meu pneu que furou. Pausa para conserto.

Após a manutenção, seguimos viagem por uma longa e perigosa descida. Fui na frente com muito cuidado pois, além de curvas fechadas haviam muitas pedras soltas. Como de costume, parei no final da descida e aguardei a chegada de meus amigos. Ali há um cruzamento com uma placa para Caconde. Após uns segundos comecei a estranhar... geralmente, assim que chego Filipe está logo atrás. Na sequência, chegam Maria sucedidos por Mari e Geraldo. Mas os segundos iam passando e ninguém aparecia. Comecei a sentir um frio na espinha, imaginando que o pior tinha acontecido, ou seja, que alguém poderia ter sofrido um acidente. Respirei fundo e continuei esperando. Uns 2 minutos depois, desisti de esperar e passei a empurrar a bike, por onde acabara de descer. Assim que faço a primeira curva avisto a bike de Maria no chão, na curva a seguir. Sinto um pavor só de imaginar que ela poderia estar machucada. Continuo subindo e percebo que ela não está ali, é apenas sua bike. Tento não pensar em nada, até enxergar alguma coisa. Após mais uma curva, vejo os quatro no topo da subida, todos em pé e aparentemente bem. Dou um grito e pergunto o que houve, ao que respondem que uma bike quebrou. Encosto minha bike no barranco e respiro aliviada. Assim que me recomponho subo até eles. Infelizmente, a blocagem da roda da frente do Geraldo acabara de quebrar.

Faltavam 20 km para chegarmos a cidade e não temos como consertar a bike ou pedir socorro, já que não há sinal de celular. Seguimos todos empurrando, tentando pensar em alguma saída. No cruzamento para Caconde, a rede do celular parece oscilar e ficar com alguns pontinhos. Mando uma mensagem para a Pousada Novo Horizonte, comunicando que precisávamos de ajuda e seguimos empurrando as bikes. Após uns quilômetros, decidimos parar e fazer um lanche. Neste momento, avistamos um carro vindo em nossa direção, sentido a São Francisco de Paula. Faço sinal e ele para. Tento descobrir se há algum comércio por perto e ele confirma o que suspeitávamos, não tinha nada pelo caminho, a não ser na cidade. O motorista do carro quer saber o que está acontecendo ao que explicamos. Ele pergunta o que pode fazer para ajudar e eu respondo que precisávamos de um resgate para a bike e Geraldo. Mais do que imediatamente ele desce do carro, abre o porta mala e diz: "Então vamos lá!" Surpresos, olhamos para o Siena esperançosos, tentando acreditar que a bike caberia. Ao dar o famoso 'jeitinho brasileiro', ele concluiu dizendo: "Se nós não nos ajudarmos quando um precisar do outro, o que este mundo vai virar?!"

Praticamente sem palavras, só podíamos agradecer sua disposição em nos ajudar e aprender mais uma lição com essa ação generosa de nosso mais novo amigo!

Seguimos pedalando, Mari, Maria, Filipe e eu, passando pelos campos gerais, apreciando a paisagem.

Sem Geraldo e preocupados com uma solução para sua bike, não paramos muitas vezes, seguindo viagem rumo a São Chico. Em pouco tempo chegamos na cidade e reencontramos nosso parceiro de viagem, na pousada Novo Horizonte. Eles receberam nossa mensagem e fizeram contato com Ivan Mendes, nosso querido amigo ciclista e CEO da empresa Lobi Cicloturismo, que estava providenciando um resgate para nosso amigo. Mas o socorro chegou antes do que poderíamos imaginar. Como estávamos famintos, deixamos os alforges na pousada e fomos tentar achar um comércio aberto para saciar nossa fome. A primeira tentativa foi frustrada, já que a padaria mais próxima estava fechada. Pedimos auxílio a um morador que nos sugeriu ir a um 'Xiss' na avenida principal. Seguimos sua sugestão e chegamos a lanchonete da D. Laura.

No estabelecimento, há uns lanches extraordinários, imensos e suculentos, exatamente o que precisávamos.

Assim que matamos o que estava nos matando, tentamos achar uma solução para a bike do Geraldo. Devido ao feriado, tudo estava fechado na cidade.

Ivan Mendes, estava ciente de nosso problema com a bike e disse que, assim que saísse do parque municipal Ronda, onde estava fazendo reconhecimento, nos ajudaria. Filipe e eu fomos até lá encontra-lo e ficamos encantados com o lugar!

O Parque Natural Municipal Ronda tem 1,4 hectares e consiste numa área de conservação de mata atlântica. Dentro de seus limites há um total de 8 cachoeiras e inúmeras trilhas.

Para onde se olha, emolduram-se paisagens indescritivelmente lindas!

Tinha até um lindo cavalo que acreditava ser um cachorro. Seu comportamento dócil realmente nos chamou atenção!

Onde íamos ele nos seguia.

Ivan nos apresentou uma cascata, de fácil acesso, muito bonita ali no parque.

Neste paredão, amantes do rapel aproveitam para se aventurar no esporte.

Após a maravilhosa visita, nos separamos de Ivan. Ele foi procurar na cidade quem poderia nos ajudar com a bike e Filipe e eu seguimos para o Lago São Bernardo, fechar com chave de ouro este último dia no Circuito Cascatas e Montanhas!

No primeiro dia de pedal passamos por aqui mas, devido ao mau tempo e a neblina, não era possível enxergar o lindo lago. Hoje, com o pôr do sol, estava espetacular!

Ao voltar para a pousada, Ivan nos ligou dizendo que levaria uns amigos que talvez pudessem nos ajudar. Sempre ouvi dizer que nesta vida, precisamos mais de amigos do que de dinheiro... novamente comprovamos isso! Em pouco tempo ele chegou acompanhado por Zingara, Rogério e uma caixa de ferramentas. Para nosso delírio, além da blocagem que nos deram de presente, conseguiram uma rara chave para regular o eixo da roda. A foto ficou tremida por que a fotógrafa estava delirando de alegria!